A infância do conhecimento

A criança andava nua pelo jardim. Pelas noites escuras e nas manhãs mais claras o menino dançava sem roupa. Não tinha sono. Não tinha roupas. Na manhã mais bonita, do dia mais bonito, desde que seu corpo sentira o vento lhe tocar pela primeira vez, o mesmo vento com quem as árvores dançavam, e os seus pés sentirem o toque molhado das gramíneas, ele viu algo que nunca seu olhar havia encontrado antes. O encontro do menino e o doce. “É um doce de mel” – pensou o menino nu.

Seus lábios desejaram experimentar o mel que seu pensamento dissera existir. Surpresa. Não era mel. O doce tinha um outro gosto. Gosto de fel. Medo. Descoberta. Seus sentidos eram falsos. Seu pensamento se esgotou.O menino descobrira que só por seu pensar as coisas não viriam a ser. Descobrira que o mundo não dançava para ele.