sexta-feira, 14 de maio de 2010

Tratado sobre amigos

Parte II
Agir com o meu amigo da maneira que ele merece não seria injusto. Mas como já disse, eu estaria proporcionando aos meus amigos que também agissem assim comigo. Aí sim seria injusto. E por que esta diferença no modo de eu julgar?

O problema é que nós fazemos justiça reivindicando direitos. O homem busca a justiça pela defesa dos seus direitos. E é nisto que o ele se diverge da ação divina. Deus ao fazer justiça concede direitos. Ou seja, Deus faz justiça compartilhando o direito. Ele distribui direitos aqueles que não tem.

Quando expus as minhas impressões e sensações em relação aos meus amigos, eu, na verdade, quis dizer que me sentia ofendido por eles. Os erros dos meus amigos são ofensas a mim.

Quando me sinto ofendido é porque fui sensível a algo que me fez mal. Porém, vamos ser sincero, de forma alguma eu sou tão sensível assim ao erro humano. Porque se de fato fosse seria antes de tudo sensível ao meu próprio erro.

A sensibilidade ao erro humano é algo sobrenatural, é algo divino. (É isto que Jesus quis dizer sobre a trava no olho do julgador.)

Então, porque me ofendo com as atitudes erradas dos meus amigos?

Simples. Porque eu me acho bom o suficiente para merecer do meu amigo um acerto. Quando alguém erra comigo, ele atinge o meu direito de merecer dele atitudes corretas. O erro do meu amigo fere o meu direito.

Então, além do senso de acerto também trago em mim o senso do direito. Direito este que vem de eu ter feito coisas certas - que, na verdade, julguei ter feito certo. Eu atribui a mim mesmo a bondade. Ou seja, eu sou bom aos meus próprios olhos e entendo o bem como um direito meu, e não compreendo o bem como um fruto de relacionamento e de oferta (ou graça) - (alguém lá no Éden já não havia entendido isso...)

Sinto-me ofendido, então, porque sou um homem mal e egoísta, intrinsicamente iníquo por causa do pecado que manchou a humanidade.

Foi, então, a partir dos meus amigos que pude me compreender melhor e, assim, poder amá-los melhor. E espero que eles reflitam sobre tudo isso.

Mas não acaba por aqui. Na próxima parte do Tratado sobre amigos falarei sobre perdão, amor e morte. Se quiser saber alguma referência bíblica sobre o assunto é só pedir pelo parafusos.

Um comentário:

Rodrigo Castro disse...

Cara, excelente post. Parabéns!!!!