
não consigo cantar minha mente
você tem que estar para ouvir
só você irá me entender
são dissonâncias
frequentes inconstâncias
para que acreditar que pode ser palpável
quando a saudade é a única força em nós?
como imaginar que um dia tudo irei esquecer
quando até hoje de tudo eu me lembrei?
por favor, adentre.
sinta e seja
e me faça ver o pó que sou.
são consonâncias
trajetos imperfeitos
para que mentir, fingir que esqueceu
que para fugir tem que ter casa?
como cumprir o ideal
quando o seu resultado é fatal?
ouça minha mente
as cantigas que soam por lá
um disco riscado que tenta tocar.
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Nesta semana pude rever o bairro em que morei desde a Copa de 94 até um pouco antes de 1998. De cabelo tigelinha e seis anos de idade, jogava bola na rua, comprava geladinho na vizinha e andava de bicicleta na chuva.
Encontrei o posto de gasolina antigo, que hoje está mais aos pedaços do que antes, onde uma vez meus pais levaram eu e meus irmãos para almoçar. Lembro que na hora da sobremesa pedi um sorvete - daqueles com bolas bem grandes, de dar água na boca e que depois dá muita sede. Mas não sei como deixei ele cair, espatifou-se no chão. Virou meleca. De tão triste que fiquei eu saí da mesa, sem limpar a bagunça que fiz.
Andei rápido até sair do restaurante. Continuei pelo posto de gasolina e por aí fui. Andando sem rumo e sem meus pais. Fugi.
Fui encontrado algum tempo depois em cima do muro da minha própria casa. Foi a única vez que fugi. E ainda fugi para casa.
Vi outros muitos lugares, casas e lojas que me fizeram viajar por aventuras da minha infância. Descobri que minha antiga casa não era tão grande como minha mente imaginava. E a rua, então... tão pequena. Muita coisa igual, muita coisa diferente.
A memória pode aumentar mas nunca inventar.
2 comentários:
Adorei isso...
Quem escreveu?
Eu! rs
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