quinta-feira, 27 de agosto de 2009

brilho eterno de uma mente repleta de lembranças



não consigo cantar minha mente

você tem que estar para ouvir
só você irá me entender

são dissonâncias
frequentes inconstâncias

para que acreditar que pode ser palpável
quando a saudade é a única força em nós?

como imaginar que um dia tudo irei esquecer
quando até hoje de tudo eu me lembrei?

por favor, adentre.

sinta e seja
e me faça ver o pó que sou.

são consonâncias
trajetos imperfeitos

para que mentir, fingir que esqueceu
que para fugir tem que ter casa?

como cumprir o ideal
quando o seu resultado é fatal?

ouça minha mente

as cantigas que soam por lá
um disco riscado que tenta tocar.
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Nesta semana pude rever o bairro em que morei desde a Copa de 94 até um pouco antes de 1998. De cabelo tigelinha e seis anos de idade, jogava bola na rua, comprava geladinho na vizinha e andava de bicicleta na chuva.

Encontrei o posto de gasolina antigo, que hoje está mais aos pedaços do que antes, onde uma vez meus pais levaram eu e meus irmãos para almoçar. Lembro que na hora da sobremesa pedi um sorvete - daqueles com bolas bem grandes, de dar água na boca e que depois dá muita sede. Mas não sei como deixei ele cair, espatifou-se no chão. Virou meleca. De tão triste que fiquei eu saí da mesa, sem limpar a bagunça que fiz.

Andei rápido até sair do restaurante. Continuei pelo posto de gasolina e por aí fui. Andando sem rumo e sem meus pais. Fugi.

Fui encontrado algum tempo depois em cima do muro da minha própria casa. Foi a única vez que fugi. E ainda fugi para casa.

Vi outros muitos lugares, casas e lojas que me fizeram viajar por aventuras da minha infância. Descobri que minha antiga casa não era tão grande como minha mente imaginava. E a rua, então... tão pequena. Muita coisa igual, muita coisa diferente.

A memória pode aumentar mas nunca inventar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei isso...
Quem escreveu?

lucas lyra disse...

Eu! rs