quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Lados da mesma história

Me chamou a atenção gestos mudos do outro lado. Toda essa história é muda, sem som. O que eu vi eu apenas vi e mais nada. Começa do outro lado da rua e o trânsito parado no sinal vermelho. O vermelho e o amarelo eram as cores da noite sem Lua. Um jovem negro, devia ter minha idade, pediu permissão para lavar o vidro do carro. Não, não! Não adiantou, já estava lavando e depois até ganhou algumas moedas.

Uma buzina surge enquanto o motorista ainda procura moedas esparsas pelo console do carro. O baldinho e a escova do rapaz são largados na calçada em frente a um mercado. Um mercado simples, não fosse o nome que leva sua luminosa placa amarela e azul.

O rapaz para de frente às geladeiras de bebidas. Olha desesperado procura não acha parece ter encontrado hesita em pegar a bebida desiste. Que bebida será que ele quer? Que será que tanto procura? Anda de um lado para outro, não para!

O balde e a escova ainda estão do lado de fora. Eu do outro lado da rua do lado de dentro do ônibus. Ele perdido querendo se encontrar dentro do mercado. O motorista do lado de dentro das janelas negras de seu carro. A história é essa e acaba quando o sinal fica verde. Ainda deu tempo de ver o nome que trazia aquela placa luminosa e entender um pouco mais daquele jovem que devia ter minha idade: ALEGRIA.

03/09/2008

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