terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O PUNHAL - Manoel de Barros

Eu vi uma cigarra atravessada pelo sol - como se um punhal atravessasse o corpo.

Um menino foi, chegou perto da cigarra, e disse que ela nem gemia.

Verifiquei com os meus olhos que o punhal estava atolado no corpo da cigarra

E que ela nem gemia!

Fotografei essa metáfora.

Ao fundo da foto aparece o punhal em brasa.

5 comentários:

Anônimo disse...

Como é difícil encontrar inusitadas (e boas) metáforas!
Essa me impressionou...

Anônimo disse...

É... a poesia dele sempre me impressionou pela simplicidade, pelo que há de mais singelo nas palavras. E consegue assim construir um mundo de metáforas, de significados com as palavras mais simples da natureza.

Anônimo disse...

O único poema que li dele, além deste, foi O Encantador de palavras, também postado no seu blog. Lindo, aliás! Identifiquei-me muito com ele!
Mas voltando ao Punhal... concordo que há beleza na figura singela (com aspas - não as encontrei no meu teclado) do sol, mas o que achei mais legal de tudo foi essa contraparte de o ter comparado a um punhal, o que, na minha opinião, foge do simples por ser inusitado. Sem falar no modo como o poeta descreve o efeito do punhal no corpo da cigarra... muito intenso!
Definitivamente, vou atrás de mais textos deste autor!

Anônimo disse...

Só complementando meu último comentário:
A voz no poema "Encantador de palavras" (achei as aspas, rs) fala a respeito do poderoso, como sendo aquele que descobre as insignificâncias do mundo e das coisas... isso me fez lembrar Dostoievski e sua forma de retratar personagens insignificantes à primeira vista. Ele nos leva à óbvia, porém ignorada conclusão de que todo ser humano é complexo, mesmo não sendo consciente de sua complexidade.

P.S. Acho que eu deveria ter postado este comentário lá no outro poema, mas tudo bem, rs.

Anônimo disse...

Legal suas observações!!
;)