quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Um Copo D'água


Aquele senhor estava ali já há um bom tempo. Ali era a calçada da minha igreja. O culto tinha terminado fazia poucos minutos. Aquele senhor? Mal vestido, parecia bêbado, parecia que fedia. Parecia... desconhecido.

Olhei rápido para ele, eu conversava com meus amigos, tirava fotos, ria e tudo mais. Olhei rápido, mas sua imagem se fixou no canto da minha mente e me incomodou. Primeiro pensei que alguém já tinha falado com ele. Por que sempre penso que um segundo ou terceiro agiu antes? Porque quero me abster. Privar-me de quê?!

Então, ele veio falar comigo. Aquele senhor veio pedir a minha ajuda. Fui salvo da minha omissão pela prontidão dele. Sua necessidade era maior que tudo ali. Assim, ele me ajudava.

Com um copo descartável na mão ele me pediu um pouco d'água. Só água? Só água. Voltei com o copinho cheio d'água. Matou-lhe a sede.

Aquele senhor ficou ali por mais um bom tempo. Ali no mesmo lugar de antes, assim como eu e meus amigos. A gente continuava conversando e rindo, ele continuava sério, parado como se esperasse mais, como se quisesse mais. Ele precisava de mais.

Então, ele veio falar comigo de novo. Pediu um real. Um real para inteirar cinco com o que já tinha e comprar uma marmita. Só um real? Não tinha; só dois. Dei-lhe dois. E matou-lhe a fome.

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