quinta-feira, 21 de agosto de 2008

E viveram felizes para sempre... [parte III]

Estar apaixonado é muito bom, mas não é a melhor coisa do mundo, Existem muitas coisas abaixo, mas também muitas outras acima disso. A paixão amorosa não pode ser a base de uma vida inteira. É um sentimento nobre, mas, mesmo assim, é apenas um sentimento.

Não podemos nos fiar em que um sentimento vá conservar para sempre sua intensidade total, ou mesmo que vá perdurar. O conhecimento perdura, como também os princípios e os hábitos, mas o sentimentos vêm e vão. E, o que quer que as pessoas digam, a verdade é que o estado de paixão amorosa normalmente não dura.

Se o velho final dos contos de fadas: "E viveram felizes para sempre", quisesse dizer que "pelos cinquenta anos seguintes sentiram-se atraídos um pelo outro como no dia anterior ao casamento", estaria se referindo a algo que não acontece na realidade, que não pode acontecer e que, mesmo que pudesse, seria pouquíssimo recomendável.

Quem conseguiria viver nesse estado de excitação mesmo por cinco anos? Que seria do trabalho, do apetite, do sono, das amizades? É claro, porém, que o fim da paixão amorosa não significa o fim do amor. O amor nesse segundo sentido - distindo da paixão amorosa - não é um mero sentimento.

É uma unidade profunda, mantida pela vontade e deliberadamente reforçada pelo hábito; é fortalecida ainda (no casamento cristão) pela graça que ambos cônjuges pedem a Deus e dele recebem. Eles podem fruir desse amor um pelo outro mesmo nos momentos em que se desgostam, da mesma forma que amamos a nós mesmos mesmo quando não gostamos da nossa pessoa.

(continua...)

C.S. Lewis - Cristianismo Puro e Simples

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