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Um visitante testemunhou, em 1884, uma procissão de escravos conduzindo tochas, precedidos por uma banda, com estandartes, um crucifixo, fogos de artifício e disparos de um canhão. Isso constituiu para ele um "estranho espetáculo".
Não havia contentamento. Não percebi um único sinal de alegria, ao contrário. O ar estava frio, quase gelado, e quando afinal a procissão retornou e tomou direção do pátio dos escravos, pequenas fogueiras foram acesas em diferentes pontos para aquecer. Enquanto eu olhava esta cena de uma janela, ouvi o portão bater e o pesado ferrolho ser fechado depois que toda a procissão passara, e um pensamento triste me atingiu como um raio, de que essa gente era como prisioneiros.
No dia seguinte ouviu uma missa para os escravos na capela, celebrada pelo padre italiano de Rio Claro. A cerimônia levou apenas 20 minutos, enquanto os presentes, a maioria mulheres, ajoelhados no chão, cantavam melancolicamente, "com uma expressão triste em cada face".
Rio Claro: um sistema brasileiro de grande lavoura - Warren Dean
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