terça-feira, 25 de março de 2008

Passar

Passagem


Foi lá fora chamar seu vizinho para dividir a comida. Havia bastante, ia sobrar com certeza.
O cabrito era grande demais só para a família dele comer.


Quatro dias depois, o cabrito é morto - sua solitária lágrima cai, num silencioso pôr-do-Sol.
O pincel de madeira é banhado no sangue, e passado nas portas das casas. As mulheres, então, preparam as ervas amargas e o pão - enquanto o cabrito é assado.


"- Não coloca o fermento no pão, hein!" - adverte a mulher à sua vizinha.


Sentados à mesa, comem. Fartam-se! O amargo das ervas prenuncia a dureza do futuro nos desertos. Tentam não deixar sobrar nenhum pedaço de carne.
O pão puro, sem fermento, leva-os à descoberta do coração de toda falsidade e enobrece a verdade.


As crianças deixam sobras nos pratos. As mães recolhem, separam tudo na velha vasilha para, logo mais, os maridos colocarem fogo em tudo!
O sacrifício é único - não pode sobrar restos.
Famílias unidas, todos preparados.


Cajado na mão,
Sandálias no pés, cinto no lugar
Esta é a Páscoa, eu estou pronto para Passar



baseado em Exôdo capítulo 12
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Páscoa é passagem!
Naquela noite o sangue trouxe libertação da morte. Vida!
Páscoa é memorial!
Depois disso, o significado da Páscoa mudou - e tem mudado...




continua...

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